sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pequenas coisas imensas‏...

Quando estamos sozinhos, reparamos em várias coisas que não reparávamos quando não estávamos sozinhos.
(Gostei desta frase. Inútil, mas gostei)
Estar sozinho, para mim, é o período que relaciona o término de um tempo onde a maioria das coisas eram boas e o começo de outro que sabe-se lá no que vai dar.
Enquanto isso, estamos sozinhos.
E a solidão é um bicho meio sádico.
A solidão adora nos mostrar o quão importante eram pequenas coisas que não dávamos a menor bola.
Ela gosta de enfiar o dedo em feridas que de tão pequenas nem incomodavam, mas depois se tornam um rombo.
Mão no pescoço. Quando não estamos sozinhos, nem ligamos quando a mulher coloca a mão em nosso pescoço.
É normal. Você está ali, no restaurante, em uma roda de amigos, batendo papo, ela a seu lado com a mão no seu pescoço, fazendo uma espécie de massagem com os dedos.
Acostumados, nem percebemos.
Dia desses vi, num bar, uma moça fazendo isso no namorado.
Deu vontade de perguntar quanto ela cobraria para fazer em mim só um pouquinho.
Deixar recado no telefone. Todos gostam, mas depois de um tempo, ninguém liga. Quero dizer, ela liga, ele recebe, ele liga, ela recebe, mas nenhum dos dois se emociona mais com isso.
Quero ver quando só receber recado de cobrança, ou quando só for engano.
Andar de mãos dadas. É automático quando não estamos sozinhos. Inclusive, não é só andar.
Quando estamos parados ou sentados também acontece o enlace das mãos. Trocas de calor. Leves apertadinhas como código para o outro reparar em alguma coisa. Cumplicidade no enroscar dos dedos.
Mas é costume, não damos a mínima.
Quero ver quando você estiver caminhando em um shopping com mais três casais. Só você de solteiro.
Dá vontade de pegar na mão do manequim na vitrine da loja.
Está rindo né? Nem ligo.
E beijo de boa noite, hein? Esse é bom né? Eu sei. 
Mas faz parte do ritual. "Smack! – Boa noite. Smack! – Durma bem. Smaaaack!" (onomatopéia de beijo é horrível!).
Que diferença faz? Faz parte, faz parte. Passa despercebido.
Agora, fique olhando para o travesseiro esperando que ele tome alguma atitude. Aí você vai ver com quantas sementes se faz uma melancia.
Não vou nem entrar na questão do beijo na boca.
Receber e-mails. É ótimo receber e-mails, não é? Declarações, juras, ósculos, amplexos, frases de efeito, que lemos como se estivéssemos lendo a bula de um remédio.
Tá bem, nem tanto, mas de qualquer maneira, não damos a devida importância.
No dia em que a sua caixa de entrada só tiver propaganda de pizzaria e extrato de banco (com saldo negativo), você vai se lembrar dos e-mails.

É, são pequenas coisas que são enormes demais para deixarmos de lado.
Texto enviado por Wagner Luiz Marchioro

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